Jakub Józef Orliński E Il Pomo D’oro

Espetáculo Realizado

Se você estivesse passando na rua de uma metrópole e se deparasse com um simpático astro do breakdance e do skate, com incursões no mundo da capoeira, jamais sonharia estar diante de um astro internacional do canto lírico e um dos maiores contratenores da atualidade.

Personalidade das mais carismáticas, esse jovem polonês, que nos últimos anos conquistou o público da Europa e dos Estados Unidos, cativa às primeiras palavras. Vai logo dizendo que seus esportes radicais têm vários pontos em comum com a sua arte vocal, seja na postura como concertista ou na flexibilidade corporal, que o auxilia no desempenho cênico e na composição dos personagens.

Sua história como contratenor — registro mais raro da voz masculina — que faz uso do falsete para atingir a tessitura exigida pelos papéis, começou ainda menino, quando integrava um coro infantil. O grupo precisava de alguém que atingisse as notas mais altas. Ele conta que foi uma espécie de sorteio que ele acabou perdendo. Mas o mundo começaria ali a ganhar uma de suas vozes mais privilegiadas. Em 2019, Orliński foi apontado pela revista Gramophone como “Artista Jovem do Ano”. Como seria de se esperar, seu repertório básico é o mesmo que fez a fama dos “castrati”, autênticos “pop stars” entre os séculos XVI e XVIII, ídolos do público, especialmente na Itália. Hoje ninguém admitiria isto, mas à época, não era raro ver famílias que tinham filhos com vozes privilegiadas, incentivarem sua castração para que atingissem extensões vocais femininas e pudessem assim cantar em grandes óperas de caráter religioso. Daí o nome “castrati” ou castrados. O mais famoso deles foi Farinelli, tema de um filme homônimo, que denuncia a barbaridade da prática.

Com o fim do tempo dos castrati, os papéis escritos especialmente para eles por compositores como Cavalli, Bononcini e, especialmente Händel e Vivaldi, passaram a ser interpretados por contraltos. Somente bem recentemente os contratenores, cuja voz se aproxima bastante do que seria o registro dos “castrati”, passaram a assumir os papéis e a exumar obras, especialmente óperas barrocas, escritas para o registro. Apesar da enorme seriedade com que encara a sua arte, Orliński dá vida aos personagens com seu jeito irreverente e descontraído de encarar o mundo. E essa postura é seguramente um dos elementos-chave para seu sucesso em todo o mundo.

Para acompanhar o timbre argênteo de Orliński, nada mais indicado do que um conjunto de câmara que se expressa através de instrumentos de época. Daí a escolha de Il Pomo d’Oro, um dos melhores conjuntos barrocos do mundo, reconhecido por uma interpretação autêntica e dinâmica de óperas e obras instrumentais do período. A formação já acompanhou, além de Orliński, grandes nomes da cena lírica, como os contratenores Franco Fagioli, Max Emanuel Cencic, e Xavier Sabata; os mezzo-sopranos Ann Hallenberg e Joyce DiDonato e os sopranos Francesca Aspromonte e Emöke Barath.

Confira uma seleção de interpretaçõs do jovem contratenor na playlist do Orliński feita pela Warner Classics!

PROGRAMA
Francesco Cavalli
La Calisto (1661) // 1. Sinfonia + Ato 2: "Erme, e solinghe cime ... Lucidissima face (Endimione)

Giovanni Antonio Boretti
Eliogabalo (1668) // 2. “Chi scherza con Amor” (Eliogabalo)
Claudio Cesare (1672)* // 3. Sinfonia + “Crudo amor non hai pietà” (Claudio)

Giovanni Bononcini
La Costanza non gradita (1694) // 4. “Infelice mia costanza” (Aminta) //
5. Sinfonia – “La Nemica d'Amore fatta amante” – instrumental

Francesco Bartolomeo Conti
Don Chisciotte in Sierra Morena (1719) // 6. “Odio, vendetta, amor” (Fernando)

Luca Antonio Predieri
Scipione il Giovane (1731)* // 7. “Dovrian quest’occhi piangere” (Scipione)

Georg Friedrich Händel
Muzio Scevola (1721) // 8. “Spera che tra le care gioie” (Muzio)

Johann Adolf Hasse
Euridice e Orfeo // 9. “Sempre a si vaghi rai” (Orfeo)  (aria escrita para Farinelli

Nicola Matteis
Don Chisciotte in Sierra Morena (1719) // 10. “Ballo dei Bagatellieri”

Luca Antonio Predieri
Scipione il Giovane (1731) // 11. "Finché salvo è l’amor suo” (Scipione)

Giuseppe Maria Orlandini / Johann Mattheson
Nerone (1721 // 12. “Che m'ami ti prega” (Nerone)

Duração : 90 minutos com intervalo

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